Quem tem duas nem sempre tem uma

| sábado, 16 de fevereiro de 2013

Din Don...
- Pois não?
- É aqui que mora Mariana?
- Sim, Mariana sou eu.
- Eu poderia dar uma palavrinha com você, Mariana?
- Claro! Quer entrar?
- Não, não. Podemos sentar na praça aqui fora? Prefiro um terreno neutro...
- Tudo bem!
Mariana tava ali, porém sem saber do que se tratava. Aquela visita desconhecida a levantou do sofá onde ela via TV esperando a ligação do namorado que estava viajando.
- Você sabe quem eu sou?
Não. Mariana não sabia, nem fazia idéia. Não lembrava de já ter visto aquele rosto. Balançou a cabeça em forma de dizer “não”.
- Pois você tinha obrigação de saber!! – Cláudia mostrando nervosismo e agressividade...
- Obrigação? Uia! Terei na minha porta uma artista da Globo e não sei?
- Eu sou Cláudia, a noiva de Roberto. Estamos juntos há três anos, um mês e dez dias.
- Prazer, então! Eu sou Mariana, a namorada de Roberto. Estamos juntos há uns dois meses.
- E você não se envergonha de dizer isso, não? Eu sou noiva do cara que você “está saindo” e você se apresenta assim, como namorada?
- Olha, Cláudia, eu me envergonharia de dizer que sou namorada dele se eu soubesse que ele era noivo, mas nunca vi aliança em nenhuma das mãos e ele sempre se disse solteiro. Vergonha eu acho que quem deveria ter era ele, que passa mais tempo no exército que em casa e ainda arruma tempo pra ter mais de uma companhia.
- Ah, Mariana! Então você quer me dizer que não sabia que aquele apartamento no condomínio aqui ao lado, onde você esteve com ele na quarta passada, é o apartamento onde eu moro? A vizinha da frente viu pelo olho mágico quando vocês entraram, demoraram pouco e saíram.
- Sério? Que cara safado, menina!! Aquela casa é sua? Gente!! E como você soube que a menina era eu?
- A vizinha que viu e te conhece de vista, é amiga de um conhecido seu e descobriu que você mora aqui.
- Hum! Bem que eu desconfiei...
- De que? – Cláudia já sem graça de ter ido ali.
- Roberto e eu fomos ao cinema naquele dia. Na saída, ele me perguntou se eu me importaria de passar na casa de um amigo dele que estava viajando e deixou a chave pra que ele molhasse as plantas. Fomos e só ficamos lá o tempo dele fazer isso mesmo. Eu bem que achei o apartamento “desse amigo” muito afeminado na decoração, mas nunca imaginaria se tratar do apartamento da noiva dele.
- Ahhh, Mariana! Você quer me dizer então que nunca soube que eu existia?
- Não, nunca. Sabia que ele tinha uma ex-noiva, mas ex é coisa que todo mundo tem.Além do que, você deveria estar indo na casa dele, não ter vindo na minha. Eu não sabia da sua existência, Cláudia, e, mesmo que soubesse, não somos amigas, não nos conhecemos e nem temos um mínimo de contato pra que eu me sentisse na obrigação de te respeitar. Quem te deve respeito é ele, que te comprou essa aliança e noivou com você.
- Então tá. O que faremos, então?
- Faremos “nada”! O que teríamos pra fazer, Cláudia? Assim que ele voltar de viagem, eu termino com ele e pronto.
- Não, Mariana! Pode ficar com ele. Eu que não quero mais.
- Pois pronto! Ele arruma uma terceira parceira e fica tudo certo. Se o cara está com você há todo esse tempo, tem liberdade de ter a chave da sua casa quando você viaja e se aproveita disso pra levar outra mulher pra lá? Comigo, ele vai fazer o que, já que ele conheceu dia desses? Você não quer, eu não quero e tá tudo certo. Deixa ele seguir o rumo dele.
- E você vai deixar isso assim, de graça?
- E vou, por acaso, mandar dar uma surra nele? Você que é noiva, que conhece há mais tempo, que se vire agora com essa revelação. Em mim só tá doendo pela falsidade, mas quem disse que homens são sinceros? Além de infiel, Roberto está se mostrando desleal, o que é pior que infidelidade. Isso é prova da falta de caráter dele e acredito que isso não mude. Eu nunca brigaria por um homem, muito menos desse tipo.

Claudia ficou a pensar. Não era a primeira vez que ela sabia de mais uma cerca pulada por Roberto e nunca tinha tomado uma atitude diferente de ir às portas alheias, derramar seus desaforos e amedrontar as desavisadas com sua fama de mulher retada, de fêmea que briga pelo macho que tem. E com essa falta de amor próprio só colecionou traições e desrespeito por si mesma.

Roberto chegou de viagem.
À Mariana, jurou que Cláudia era uma ex-noiva psicótica que não aceitava o fim, que não podia saber dele feliz com uma nova namorada que fazia inferno e botava as meninas pra correr. Mas pra ela pouco importava. Tirou o time de campo, tava fora e aliviada por ter descoberto no começo da relação que a barca ali era super furada.
À Cláudia ele contou que Mariana era uma menina novinha que não parava de ir atrás dele, mas ele era quem não dava bola. Jurou amor à noiva e prometeu que nunca mais deixaria outra mulher se aproximar deles na tentativa de destruir uma relação tão linda.

Como elas sabiam disso? Trocaram telefone, ficaram amigas e depois do tempo necessário pra curar as mágoas, riram da cara daquele que provou que nunca deveria ter feito parte da vida delas.
Por Maristelly de Vasconcelos

edit

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