Você tem idade pra acreditar em Papai Noel?

| terça-feira, 15 de janeiro de 2013 | , , , , , |


Antes que ela respondesse com um triste e envergonhado “não”, ele completou: “então também não tem mais idade pra acreditar em homem, né?”. É. O pai dela tinha razão. Ela não podia ter acreditado na lenda do cara recém-separado que, por carência e por maldade, jura amor eterno à nova namorada. Mas ela, tão tirada a esperta, caiu. Ela era uma daquelas “meninas” recém chegada aos 30 anos que tava achando que sabia tudo, que tinha encontrado o cara mais legal do mundo pra ser seu namorado. Ele era um daqueles caras passados dos 45 anos que, pela idade e pela experiência, parecia saber o que estava fazendo e demonstrava ao mundo ter encontrado a mulher dos seus sonhos.
Namoro em família, amigos a favor e um monte de candidato a padrinho de casamento. Ela acreditando. Ele se divertindo. Tava na cara que isso não ia dar certo. Quem não vê que um cara que vivia exaltando as qualidades da novata e excomungando os defeitos da ex não tava ali dando atestado de que não tinha superado a separação? Tava na cara, mas ela não via. Ele voltou pra “cheia de defeitos” sem nem se dar ao trabalho de comunicar à “perfeitinha” que ela já era. Já era, não! Ela nunca foi, só ela não sabia. As perguntas que o pai fazia só machucavam mais, mas o que ela ouviu em seguida a fez enxugar as lágrimas e acalmar a alma.
“Apesar da idade, você não é a primeira e nem a última a cair nessa conversa, sofra hoje o que tem pra sofrer pelo fim desse namoro e amanhã levante a cabeça, pois você será mais feliz sem ele. Mulher, diferente de homem, consegue ser feliz, sim. Casamento? Só faz bem ao homem, à mulher é sempre uma cruz. Se a mulher tivesse a certeza que o casamento ia ser bom de verdade, ainda assim não valia a pena casar. Mulher tem o poder de viver só, de se bancar e se bastar. Homem é quem precisa de uma mulher pra não se perder na vida. Além disso, não tinha como dar certo. Ele já vinha pra sua vida com uma história contada, com uma vida vivida. Ele trazia filhos e ex mulher. Você merece encontrar alguém que escreva uma história com você e não ser apenas participante numa história já em andamento.”Ela saiu da sala chorando aliviada. Percebeu que a dor que tava sentindo não era de saudade e nem pelo fim do namoro e sim pelo medo do que ouviria do pai, o pai que, quando comunicado do romance, só fez uma pergunta: “você acha que isso tem chance de dar certo?”. Ela achou que tinha, o pai sabia que não, mas a deixou viver pra aprender.
Após isso, a balzaquiana passou cinco anos se divertindo, começando historinhas que não passavam de piadas rápidas, acreditando que dava pra ser feliz sozinha e, sim, ela era feliz sozinha. Aquele cara ficou no passado, outros carinhas também foram enviados pra lá e uma parceria pra escrever o presente e o futuro surgiu “do nada”, trazendo uma folha em branco, porém com tinta permanente e fazendo-a ter a certeza de que era feliz sozinha, mas que é muito mais feliz acompanhada.
Casar? Ela não sabe se quer. Nem julga tão necessário.
Ser feliz? Ser a cada dia mais. Eis a meta.
E o passado? Muito bem passado, obrigada.


Por Maristelly de Vasconcelos

Texto postado originalmente no Blog Sem Essa de Amélia em 07 de janeiro de 2013.
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