A democracia da beca
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
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Ontem foi a minha colação de grau. Sobre os quatro anos estudando para ser Jornalista, escreverei um dia. Hoje, quero falar sobre o quão democrática é aquela roupa preta com a qual nos vestimos para mostrar ao mundo que, sim, nos formamos (ou não).
Enquanto o evento corria, me peguei listando os benefícios da vestimenta:
- quem está acima do peso, acaba parecendo mais magro;
- quem é magro, fica parecendo mais cheinho;
- aquela faixa que varia de cor de acordo com o curso serve para enxugar o suor que teima em escorrer pelo rosto;
- iguala todo mundo em uma só categoria, a de novos profissionais, mesmo que:
- tenha tido um excelente desempenho e tenha feito o curso da melhor forma possível;
- o curso tenha sido bacharelado, licenciatura ou tecnólogo;
- ainda existam pendências financeiras a serem negociadas com a Instituição;
- ainda exista disciplina a ser cursada, pois testemunhei gente com pendências acadêmicas fazendo selfies e comemorando de forma pré-datada;
- não tenha sido aprovado no TCC – o que remete à opção imediatamente acima;
- tenha apresentado trabalhos cujo plágio fora a fonte de inspiração;
- tenha conseguido finalizar o curso apenas porque se manteve nos grupos "certos", de pessoas que buscavam as boas notas e não se preocupavam em carregar o preguiçoso ou preguiçosa nas costas;
- tenha se achado mais esperto/inteligente/preparado que os mestres;
- esteja formado, mas não sabe ainda o que vai fazer da vida de agora em diante.
O que importa mesmo, é que vestir a beca é encerrar um ciclo, ciclo este que traz mais dúvidas que certezas:
- Não veremos mais as mesmas pessoas diariamente – isso é bom ou ruim ou os dois?
- Não veremos mais os professores frequentemente – isso é bom ou ruim ou péssimo ou os três?
- O mercado de trabalho tem espaço para tanta gente recém-formada?
- E se aquele colega que me sacaneou vier a ser meu chefe?
- E se aquele colega que me sacaneou vier a ser candidato na empresa na qual eu exerço liderança?
E a mais dolorida:
- E se as pessoas às quais eu mais me apeguei sumirem do meu convívio?
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